Dizimar não é uma doutrina cristã
Introdução
Este ensaio é um resumo do meu livro “Should the Church Teach Titing? – A Theologian’s Conclusions About a Taboo Doctrine” (Deveria a Igreja Ensinar a Dizimar? – Conclusões de um Teólogo Sobre Uma Doutrina Tabu). O próprio livro é uma versão ampliada de minha tese de Ph.D. Desafio os mestres da Bíblia a ousarem abrir em seus seminários uma pesquisa que promova estudos sobre este assunto, aos níveis de Master, Doctorate e Ph.D. Realmente, esta doutrina é importante demais para ser tão ignorada!
Em muitas igrejas, hoje em dia, a doutrina de dizimar tem atingido o nível de escândalo moderno. Conquanto, por outro lado, os livros textos, a nível de seminário sobre Hermenêutica, e os teólogos omitam o dizimar, por outro lado a prática tem se tornado rapidamente uma exigência aos membros da igreja, nas várias denominações que insistem em dizer que estão embasadas nas sólidas doutrinas da Bíblia. Existe ainda uma crescente evidência de que os leigos que questionam a legitimidade do dizimar na Nova Aliança, são em geral criticados como criadores de casos ou taxados de cristãos imaturos [Esta é comigo mesma!].
O Dizimar moderno baseia-se em falsas premissas – A declaração de uma denominação sobre mordomia é típica do que muitas outras ensinam sobre o dízimo. Ela diz que “Dizimar é o modelo bíblico e o ponto inicial que Deus tem estabelecido e que não deve ser substituído nem comprometido por nenhum outro modelo”. Ela acrescenta que o dízimo deve ser entregue a partir da renda bruta, o qual é devido à igreja, antes dos impostos.
Os seguintes pontos deste ensaio vão contestar os ensinos usados para estruturar o dízimo com o que realmente diz a Palavra de Deus.
Ponto # 1 – Os princípios de dar no Novo Testamento, na 2 Coríntios 8 e 9 são superiores ao dizimar.
O falso ensino é que dizimar é uma exigência obrigatória, a qual sempre precede o dar voluntariamente. O dar voluntariamente precedia o dizimar.
Os seguintes princípios de dar voluntariamente na Nova Aliança estão fundamentados na 2 Coríntios 8 e 9 (1). Dar é uma “graça”. A 2 Coríntios 8 usa oito vezes a palavra “graça”, referindo-se à ajuda aos santos pobres (2). Dar primeiro a Deus (8:5). (3). Dar-se a si mesmo para conhecer a vontade de Deus (8:5) (4). Dar em resposta ao dom de Cristo (8:9 e 9:15). (5). Dar com desejo sincero (8:8, 10, 12 e 9:7) (6). Não dar por causa de mandamento algum (8:8,10; 9:7). (7). Dar além de sua capacidade (8:3, 11, 12) (8). Dar para produzir igualdade. Isso que dizer que os que têm mais devem dar mais, a fim de suprir a incapacidade dos que não podem dar mais (8:12,14) (9). Dar com alegria (8:2). (10). Dar porque está crescendo espiritualmente (8:3,4,7). (11). Dar porque deseja crescer espiritualmente (9:8, 10, 11). (12). Dar porque está ouvindo o Evangelho ser pregado (9:13).
Ponto # 2 – Na Palavra de Deus o dízimo é sempre apenas em alimento.
O falso ensino é que os dízimos bíblicos incluem todas as fontes de renda.
Não usem o Dicionário de Webster. Usem a Palavra de Deus para definir a palavra “dízimo”. Abram uma boa “Concordância Bíblica”. Vocês vão descobrir que a definição usada pelos advogados do dízimo está errada. Na Palavra de Deus o vocábulo “dízimo” não aparece sozinho. Embora já existisse dinheiro, a substância do dízimo divino jamais foi dinheiro. Ele era o “dízimo do alimento”. Isso é muito importante. ** Os verdadeiros dízimos bíblicos eram sempre somente o alimento proveniente das fazendas e rebanhos, somente dos israelitas que vivessem exclusivamente dentro da Terra Santa de Deus, as fronteiras nacionais de Israel ** A fartura provinha da mão de Deus e não da manufatura ou habilidade do homem.
Existem 15 versos de 11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que descrevem o conteúdo do dízimo. E o conteúdo jamais, repito, jamais incluía dinheiro, prata, ouro ou qualquer outra coisa, além de alimento. Mesmo assim, a definição incorreta de “dizimar” é a maior mentira que está sendo pregada sobre esse ato, hoje em dia. (Vejam Levítico 27:30,32; Números 18:27,28; Deuteronômio 12:17; 14:22, 23, 26; 2 Crônicas 31:5; Neemias 10:37; 13:5; Malaquias 3:10; Mateus 23:23 e Lucas 11:42).
Ponto # 3 – O dinheiro era um item essencial …
A falsa premissa é que troca de alimentos substituía o dinheiro.
Um argumento de apoio para o dízimo não ser dado em alimentos é que o dinheiro não era amplamente disponível e a troca de alimentos deve ter sido usada para a maioria das transações. Este argumento não é bíblico. Somente o Livro de Gênesis contém “dinheiro” em 32 textos e a palavra acontece 44 vezes, antes que o dízimo fosse mencionado pela primeira vez, em Levítico 27. A palavra “dinheiro” também aparece muitas vezes de Gênesis a Deuteronômio.
De fato, séculos antes de Israel ter entrado em Canaã, e começado a dizimar os alimentos da Terra Santa de Deus, o dinheiro já era um item essencial no dia a dia. Por exemplo, o dinheiro em forma de moedas de prata pago pelos escravos (Gênesis 17:12 +), pela terra (Gênesis 23:9 +), pela liberdade (Êxodo 23:11); multas da lei (Todo o Êxodo 21 e 22); dívidas do Santuário (Êxodo 30:12); votos (Levítico 27:3-7); taxas de pesquisa (Números 3:47+), bebidas alcoólicas (Deuteronômio 14:26) e dotes de casamento (Deuteronômio 22:29).
Conforme Gênesis 47:15-17, os alimentos eram usados para troca somente depois que o dinheiro acabava. As leis bancárias e sobre a usura existem na Palavra de Deus em Levíticos, antes do dízimo. Desse modo, é falso o argumento de que o dinheiro não prevalecia sensivelmente no dia a dia. Mesmo assim, o conteúdo dos dízimos jamais incluía dinheiro dos produtos não alimentícios nem dos negócios.
Ponto # 4 – O dízimo de Abraão a Melquisedeque se embasou numa tradição pagã.
O falso ensino é que Abraão deu voluntariamente o dízimo porque foi essa a vontade de Deus.
Contudo, pelas seguintes razões, Gênesis 14:20 não pode ser usado como exemplo para os cristãos dizimarem:
1 – A Bíblia não diz que Abraão deu “voluntariamente” esse dízimo.
2 – O dízimo de Abraão não foi um dízimo santo, da Terra Santa de Deus, produzido pelo povo santo de Deus.
3 – O dízimo de Abraão foi do espólio de guerra, o que era comum a muitas nações.
4 – Em Números 31, Deus exige apenas 1% dos espólios de guerra.
5 – O dízimo de Abraão a Melquisedeque aconteceu apenas uma vez e Abraão mudava sempre de lugar.
6 – O dízimo de Abraão não proveio de sua riqueza pessoal.
7 – Abraão nada conservou para si mesmo, tendo devolvido tudo.
8 – O dízimo de Abraão não é mencionado em nenhuma parte da Bíblia, a fim de respaldar o ato de dizimar.
9 – Gênesis 14:21 é o texto chave. Visto como muitos comentários explicam o verso 21 como exemplo da tradição pagã árabe, é uma contradição explicar os 90% do verso 21 como pagãos, ao mesmo tempo insistindo-se em que os 10% do verso 20 eram a vontade de Deus.
10 – Se Abraão serve de exemplo para o cristão dar 10% a Deus, então deveria também ser um exemplo para ele dar os restantes 90% a Satanás, ou ao Rei de Sodoma!
11 – 0 Visto como nem Abraão nem Jacó tinham um sacerdócio levítico para manter, eles não tinham lugar algum onde entregar os dízimos, durante os seus muitos movimentos.
Ponto # 5 – Dizimar não era o mínimo exigido de todos os Israelitas da Antiga Aliança
O falso ensino é que todos deveriam começar a dar no mínimo 10%.
Somente dos israelitas que tiravam o seu sustento de suas fazendas e da pecuária dentro de Israel era exigido que dizimassem segundo a Lei de Moisés. Sua prosperidade provinha da mão de Deus. Daqueles cuja prosperidade provinha da própria mão de obra e do seu artesanato o dízimo não era exigido em produto, nem em dinheiro. Os pobres e necessitados que não dizimavam, mas recebiam dízimos, esses davam ofertas voluntárias.
Ponto # 6 – Os Primeiros Dízimos eram recebidos pelos servos dos sacerdotes.
O falso ensino é que os sacerdotes do Velho Testamento recebiam todo o primeiro dízimo.
A verdade é que o dízimo “completo”, o primeiro dízimo, não ia para os sacerdotes, de modo algum. Em vez disso, conforme Números 18:21-24 e Neemias 10:37, ele ia para os servos dos sacerdotes, os levitas. Em seguida, conforme Números 18:25-28 e Neemias 10:38, os levitas davam o “melhor décimo” desses dízimos (1%) recebidos aos sacerdotes que ministravam os sacrifícios pelos pecados e serviam dentro dos locais sagrados. Os sacerdotes não dizimavam pessoalmente, de modo algum.
É também importante saber que em troca de receber, esses dízimos, tanto os levitas como os sacerdotes perdiam todo o direito à herança permanente da terra dentro de Israel (Números 18:20-26; Deuteronômio 12: 12; 14:27, 29; 18:1-2; Josué 13:14, 33; 14:3; 18:7; Ezequiel 44:28). Os levitas que recebiam o primeiro dízimo eram proibidos de ministrar os sacrifícios de sangue, sob pena de morte (Números 18:3). Não há continuação dessa ordenança na Nova Aliança.
Ponto # 7 – A frase: “É santo ao Senhor” não torna o dízimo um eterno princípio moral.
O falso ensino é que Levítico 27:30-32 prova que o dízimo é um “eterno princípio moral” porque “ele é santo do Senhor”.
Contudo, os mestres do dízimo devem ignorar a frase mais forte “ele é santíssimo ao Senhor”, nos imediatos versos precedentes: 28 e 29. Isso porque os versos 28 e 29 não são definitivamente “eternos princípios morais” na igreja. Em seu contexto, as frases “É santo ao Senhor” e “é santíssimo ao Senhor” não podem ser interpretadas como “eternos princípios morais”. Por que? Porque quase qualquer outro uso desta frase em Levítico foi há muito descartado pelos cristãos. Frases semelhantes são também usadas para descrever todos os festivais, ofertas sacrificais, distinção entre alimentos puros e impuros, os sacerdotes da Antiga Aliança e o santuário da antiga Aliança.
Ponto # 8 – As primícias não são a mesma coisa que os Dízimos
A falsa premissa é que os dízimos são as primícias.
As primícias equivaliam à pequena porção da primeira colheita realizada e dos primogênitos dos animais. Elas eram tão pequenas que cabiam numa cesta manual (Deuteronômio 26:1-4, 10; Levítico 23:17; Números 18:1317; 2 Crônicas 31:5-a). As ofertas das primícias e dos primogênitos iam diretamente para o Templo, com a exigência de serem consumidas pelos sacerdotes ministradores, somente dentro do Templo (Neemias 10:35-37-a; Êxodo 23:19; 34-26; Deuteronômio 18:4).
Todo o dízimo levítico ia primeiro para as cidades levíticas e porções deste iam para o Templo, a fim de alimentar os sacerdotes que estavam ministrando em rodízio. (Neemias 10:37b-39; 12:27-29; 44-47; Números 18:21-28; 2 Crônicas 31:5-b) Enquanto os levitas comiam o dízimo, os sacerdotes também podiam comer das primícias, dos primogênitos e de outras ofertas.
Ponto # 9 – Existem na Bíblia quatro tipos diferentes de Dízimos.
O falso ensino ignora todos os outros dízimos e focaliza somente a parte do primeiro dízimo religioso.
Na realidade, o primeiro dízimo religioso chamado o “Dízimo Levítico” tinha duas partes. Novamente todo o primeiro dízimo era dado aos levitas, os quais eram apenas servos dos sacerdotes (Números 18:21-24; Neemias 10:37). Por sua vez, os levitas davam 1/10 de todos os dízimos aos sacerdotes (Números 18:25-28; Neemias 10:38). Conforme Deuteronômio 12 e 14, o segundo dízimo religioso, chamado o “Dízimo de Festa”, era comido pelos adoradores, nas ruas de Jerusalém, durante os três festivais anuais (Deuteronômio 12:1-19; 14:22-26). E conforme Deuteronômio 14 e 26, o terceiro dízimo, chamado o “dízimo dos pobres” guardado nas casas, a cada três anos, era usado para alimentar os pobres (Deuteronômio 14:28-29; 26:12-13).
Ainda conforme o 1 Samuel 8:14-17, o Rei coletava o primeiro e o melhor 10% para uso político. Durante o tempo de Jesus, Roma coletava os primeiros 10% da maior parte dos alimentos e 20% da colheita de frutas como espólio de guerra.
É de admirar que as igrejas estejam tentando omitir isso, quando falam somente de um dízimo religioso, simplesmente porque este se encaixa melhor em seus propósitos, ignorando os outros dois importantes dízimos religiosos.
Outro erro comum é equacionar o dízimo com “as primícias”, ou até mesmo com “o melhor”. Enquanto o dízimo do dízimo (1%) que era dado aos sacerdotes, era “o melhor” do que os levitas recebiam, o dízimo que os levitas recebiam era 1/10, mas não necessariamente o “o melhor”. (Levítico 27:32,33). Também, enquanto as primícias e o primogênito de cada animal puro eram levados diretamente ao Templo, o dízimo era entregue diretamente nas cidades levíticas (Neemias 10:35-38).
Segundo alguns historiadores, “as primícias” eram ofertas extremamente pequenas. Em geral “as primícias” de uma vila inteira podiam ser carregadas em um único animal.
Ponto # 10 – Jesus, Pedro, Paulo e os pobres não dizimavam.
O falso ensino é que de todo mundo no Velho Testamento era exigido que trouxesse sua oferta a Deus a nível de 10%.
Na realidade nenhum dízimo era exigido dos pobres. Nem também provinha o mesmo das mãos do artesão ou do seu ofício. Somente os fazendeiros e pecuaristas possuíam o que era definido como ganho ao dízimo. Jesus era carpinteiro; Paulo era artesão de tendas e Pedro era pescador. Nenhuma dessas ocupações os qualificava como pagadores do dízimo, visto como não cultivavam a terra nem possuíam rebanhos para o seu sustento. Desse modo, é incorreto ensinar que todo mundo pagava a exigência mínima de um dízimo e, então, que dos cristãos da Nova Aliança deveria ser exigido, apenas para início, esse mesmo mínimo da Velha Aliança dos israelitas. Esta afirmação é comumente repetida nas igrejas, ignorando completamente a exata definição do dízimo como alimento obtido nas fazendas e no aumento dos rebanhos.
Também é errado ensinar que era exigido dos pobres de Israel que estes pagassem o dízimo. Na verdade, eles até recebiam dízimos. Boa parte do dízimo dos festivais era entregue aos pobres. De fato, muitas leis protegiam os pobres do abuso dos sacrifícios dispendiosos, para os quais eles não podiam ofertar. (Vamos ler Levítico 14:21; 25:6,25-28,35,36; 27:8; Deuteronômio12:1-19; 14:23,28-29; 15:7,8,11; 24:12,14,15,19,20; 26:11-13; Malaquias 3:5; Mateus 12:1,2; Marcos 2:23-24; Lucas 2:22-24; 6:1-2; 2 Coríntios 8:12-14; 1 Timóteo 5:8; Tiago 1:27).
Ponto # 11 – Os dízimos eram muitas vezes usados como impostos políticos.
O falso ensino é que os dízimos nunca são comparados aos impostos ou taxas.
Contudo, na economia hebraica, o dízimo era usado de maneira totalmente diferente da que hoje é pregada. Mais uma vez, os levitas que recebiam o dízimo inteiro nem sequer eram ministros ou sacerdotes – eles eram apenas servos dos sacerdotes. Números 3 descreve os levitas como sendo carpinteiros, fundidores de metal, artesãos de couro e artistas, que mantinham o pequeno santuário. E segundo Crônicas 23-27, durante o tempo dos reis Davi e Salomão, os levitas também foram peritos artesãos, os quais inspecionavam as obras do Templo. Vinte e quatro mil deles trabalhavam no Templo como construtores e supervisores; seis mil eram oficiais e juízes; quatro mil eram guardas e quatro mil eram músicos.
Como representantes políticos do rei, os levitas usavam o seu dízimo para servir aos oficiais, juízes, coletores de impostos, tesoureiros, guardas do Templo, músicos, padeiros, cantores e soldados profissionais (1 Crônicas 12:23,26; 27:5). É obvio que esses exemplos do uso bíblico da entrada do dízimo nunca se tornam exemplos para a igreja de hoje.
É importante saber que na Antiga Aliança os dízimos nunca eram usados para evangelizar os não israelitas. Neste ponto o dízimo falhou. Vejam Hebreus 7:12-19. Os dízimos jamais estimularam os levitas e sacerdotes da Antiga Aliança a estabelecer uma única missão fora do país, para encorajar um só gentio a se tornar israelita (Êxodo 23:32; 34:12,15; Deuteronômio 7:2).
O dízimo da Antiga Aliança era motivado e exigido por lei, não pelo amor. De fato, durante a maior parte da história de Israel, os profetas foram os principais portadores da Palavra de Deus e não os levitas e os sacerdotes que recebiam o dízimo.
Ponto # 12 – Os dízimos levíticos eram normalmente levados às cidades levíticas.
Os falsos mestres querem que pensemos que todos os dízimos eram levados ao Templo e que agora devem ser levados ao armazém do edifício eclesiástico.
O dízimo inteiro jamais foi para o Templo. Na realidade, a extraordinária maioria dos dízimos levíticos jamais foi para o Templo. Os que ensinam o contrário ignoram as cidades levíticas e as 24 localidades dos levitas e sacerdotes. Conforme Números 35, Josué, 20, 21 e 1 Crônicas 6, os levitas e os sacerdotes residiam nas cidades levíticas, em terras emprestadas, onde cultivavam o solo e criavam os animais dizimáveis. Está claro em Números 18:20-24; 2 Crônicas 31:15-19 e Neemias 10:37, que do povo comum esperava-se que trouxesse dízimos às cidades levíticas. Por que? Porque lá vivia a grande maioria dos levitas e sacerdotes com suas famílias, a maior parte do tempo. Vejam também Neemias 13:9.
Ponto # 13 – Malaquias 3 é o texto do qual mais se tem abusado na Bíblia sobre o dízimo.
O falso ensino sobre os dízimos em Malaquias ignora cinco fatos importantes da Bíblia.
1. – Malaquias é contexto da Antiga Aliança e nunca é citado na Nova Aliança para a Igreja (Levítico 27:34; Neemias 10:28-29; Malaquias 3:7; 4:4).
2. – Malaquias 1:6; 2:1 e 3:1-5 são muito claramente endereçados aos sacerdotes desonestos, os quais são amaldiçoados porque haviam roubado as melhores ofertas de Deus.
3. – As cidades levíticas devem ser consideradas, enquanto Jerusalém nunca foi uma cidade levítica (Josué 20, 21). Não faz sentido algum ensinar que 100% dos dízimos eram levados ao Templo, quando a maioria dos levitas e sacerdotes não morava em Jerusalém.
4. – Em Malaquias 3:10-11, os dízimos ainda são apenas alimentos (Levítico 27:30-33).
5. – As 24 localidades residenciais dos levitas e sacerdotes também devem ser levados em conta.
Começando com os Reis Davi e Salomão, eles foram divididos em 24 famílias. Essas divisões também continuavam a vigorar no tempo de Malaquias, com Esdras e Neemias. Visto como normalmente apenas uma família servia ao Templo e por uma semana da cada vez, não havia, absolutamente, qualquer razão para que todos os dízimos fossem enviados ao Templo, quando 98% daqueles a quem se destinavam como alimento ainda se encontravam nas cidades levíticas (1 Crônicas 24:26; 28:13,21; 2 Crônicas 8:14; 23:8; 31:2, 15-19; 35:4-5,10; Esdras 6:18; Neemias 11:19,30; 12:24; 13:9-10; Lucas 1:5).
Desse modo, quando o contexto das cidades levíticas, as 24 famílias dos sacerdotes, os filhos menores, as viúvas, Números 18:20-28, 2 Crônicas 31:15-19, Neemias 10-13 e todo o livro de Malaquias são avaliados, vemos que apenas 2% do total do primeiro dízimo eram normalmente exigidos no Templo de Jerusalém.
Tanto a bênção como a maldição de Malaquias 3:9-11, perduraram somente até o término da Antiga Aliança, ou seja, até o Calvário. A audiência de Malaquias havia voluntariamente reafirmado a Antiga Aliança (Neemias 10:28-29. “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém” (Deuteronômio 27:26, citado em Gálatas 3:10). E Jesus Cristo deu um fim a essa maldição, conforme Gálatas 3:13: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”.
Hoje em dia, a classe mais pobre é a que mais contribui para beneficência. E, mesmo assim, ela permanece na pobreza. A loteria e os dízimos não são uma garantia para alguém enriquecer depressa, em vez da educação, da determinação e do árduo trabalho. Se Malaquias 3:10 funcionasse realmente com os cristãos da Nova Aliança, nesse caso milhões de cristãos dizimistas já teriam escapado da pobreza e se tornado o grupo mais rico do mundo, em vez de continuar sendo pobre. Portanto, não existe evidência alguma de que a vasta maioria dos pobres “pagadores do dízimo” tenha sido abençoada pelo mero fato de o entregar. As bênçãos da Antiga Aliança já não estão em efeito (Hebreus 7:18-19; 8:6-8, 13).
Ponto # 14 – O dízimo não é ensinado no Novo Testamento.
O falso ensino é que Jesus ensinou a dizimar, em Mateus 23:23, dizendo que isso está claro no Novo Testamento.
A Nova Aliança não teve princípio no nascimento de Jesus, mas na Sua morte (Gálatas 3:19, 24, 25; 4:4). O dízimo não é ensinado na igreja, depois do Calvário. Quando Jesus falou sobre o assunto em Mateus 23:23, Ele estava simplesmente ordenando a obediência às leis da Antiga Aliança, a qual ele endossou e obedeceu até chegar ao Calvário. Em Mateus 23:23, Ele mandou que os judeus obedecessem aos escribas e fariseus, porque estes se assentavam na cadeira de Moisés. Por acaso Ele ordenou que os gentios por Ele curados comparecessem diante dos sacerdotes judeus?
Não existe um único texto do Novo Testamento que ensine a dizimar, após o período do Calvário. Atos 2:42-47 e 4:32-35 não são exemplos para se dizimar, a fim de sustentar os líderes da igreja. Conforme Atos 2:46, os cristãos judeus continuavam a adorar no Templo. E conforme Atos 2:44 e 4:33,34, os líderes da igreja compartilhavam igualmente o que recebiam com todos os membros da igreja (o que hoje não se faz). Finalmente, Atos 21:20-25, prova que os cristãos judeus ainda observavam fielmente toda a Lei de Moisés – até 30 anos depois – devendo aí ser incluído o dizimar, pois se não o fizessem, não poderiam ter permissão de entrar no Templo para adorar. Desse modo, todos os dízimos coletados pelos primeiros cristãos judeus eram para o sustento do Templo e não para sustentar a igreja.
Ponto # 15 – Os limitados sacerdotes da Antiga Aliança foram substituídos por todos os crentes-sacerdotes [1 Pedro 2:5].
O falso ensino é que os anciãos e pastores da Nova Aliança estão simplesmente continuando de onde os sacerdotes da Antiga Aliança deixaram e por isso devem receber o dízimo.
Comparem Êxodo 19:5, 6 com a 1 Pedro 2:9-10. Antes do incidente do bezerro de ouro, Deus havia pretendido que todo israelita se tornasse um sacerdote e o dízimo jamais foi mencionado. Os sacerdotes não dizimavam, mas recebiam 1/10 do primeiro dízimo (Números 18:26-28 e Neemias 10:37-38).
A função e o propósito dos sacerdotes da Antiga Aliança foram substituídos, não pelos anciãos e pastores, mas pelo sacerdócio de todos os crentes. Como outras ordenanças da Lei, o dízimo foi apenas uma sombra temporária, até a vinda de Cristo (Efésios 2:14-16; Colossenses 2:13-17; Hebreus 10:1). Na Nova Aliança cada crente é um sacerdote de Deus (1 Pedro 2:9-10; Apocalipse 1:6; 5:10). E como sacerdote cada crente oferece sacrifícios a Deus (Hebreus 4:16; 10:19-22; 13:15-16). Então, cada ordenança que havia sido previamente aplicada ao antigo sacerdócio foi anulada no Calvário. Visto não pertencer à Tribo de Levi, até mesmo Jesus Cristo foi desqualificado. Desse modo, o propósito original de dizimar já não existe (Hebreus 7:12-19; Gálatas 3:19, 24, 25; 2 Coríntios 3:10).
Ponto # 16 – A Igreja da Nova Aliança não é um edifício nem um armazém.
O falso ensino é que os edifícios cristãos chamados “igrejas”, “tabernáculos” ou “templos”, substituíram o Templo do Velho Testamento como locais de habitação divina.
A Palavra de Deus jamais descreve os grupos da Nova Aliança como ”tabernáculos”, “templos” ou “edifícios”. Os cristãos não “vão à igreja”. Eles se “reúnem para adorar”. Também, visto que os sacerdotes do Velho Testamento pagavam o dízimo, então, logicamente, o dízimo não pode continuar. Nesse caso, é errado chamar um edifício de “armazém do Senhor” para receber os dízimos (1 Coríntios 3:16-17; 6:19-20; Efésios 1:22-23; 2:21; 4:12-16; Apocalipse 3:12). Com respeito à palavra “armazém” comparem a 1 Coríntios 16:2 com a 2 Coríntios 12:14 e Atos 20:17, 32-35. Durante vários séculos após o Calvário, os cristãos nem mesmo possuíam um edifício próprio (que chamassem de armazém), visto como o Cristianismo era uma religião ilegal.
Ponto # 17 – A Igreja cresce quando usa os melhores princípios da Nova Aliança.
O falso ensino é que os princípios de dar graças não são tão bons como os princípios do dizimar na Antiga Aliança.
Sob a Nova Aliança:
1 – Conforme Gálatas 5:16-23, não existe lei física que possa controlar o fruto do Espírito Santo [Infelizmente o Espírito Santo é Quem mais tem sofrido nas igrejas neopentecostais, que o transformaram num office-boy, o qual tem “obrigação” de descer quando invocado e de fazer tudo que os pastores semi-bíblicos e os crentes imaturos dessas igrejas acham por bem exigir dEle. Essas pessoas mal conhecedoras da Bíblia se comportam com o Espírito Santo exatamente como os feiticeiros se comportam com os maus espíritos].
2 – A 2 Coríntios 3:9-10 ensina: “Se o ministério da condenação [Antiga Aliança] foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça [Nova Aliança]. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória”.
3 – Hebreus 7 apenas faz a menção pós-Calvário de dizimar, numa explanação de porque o sacerdócio levítico deve ser substituído pelo sacerdócio de Cristo, porque aquele era fraco e ineficiente. Estudem Hebreus 7 e sigam a progressão do verso 5 ao verso 12 e ao verso 19.
4 – A maneira pela qual o dízimo é hoje ensinado reflete o fracasso da igreja em crer e agir segundo os muito melhores princípios do amor, da graça e da fé. O princípio do dízimo obrigatório não pode nem poderia ter sido mais próspero à igreja do que os princípios guiados pelo verdadeiro amor a Cristo e às almas perdidas (2 Coríntios 8:7-8). [Se o dízimo fosse usado para sustentar os missionários, as viúvas pobres e os órfãos, ele seria um princípio de amor e graça, mas, infelizmente, ele é usado hoje em dia para comprar aparelhos de som e para outros fins nada cristãos…]
Ponto # 18 – O Apóstolo Paulo preferia que os líderes da igreja se auto-sustentassem.
O falso ensino é que Paulo ensinou e praticou o dízimo.
Nada poderia estar mais longe da verdade. Como um rabino judeu, Paulo estava entre os que insistiam em trabalhar com as próprias mãos pelo seu sustento (Atos 18:3; 1 Tessalonicenses 2:9-10; 2 Tessalonicenses 3:8-14). Embora ele não tenha condenado os que recebiam sustento pela obra em tempo integral, também não ensinou que tal sustento fosse ordenado por Deus, para difusão do Evangelho. (1 Coríntios 9:12). De fato, duas vezes em Atos 20:29, 35 e também na 2 Coríntios 12:14, ele até mesmo encoraja os anciãos da igreja a trabalharem para manter os necessitados da igreja [Eu só queria ver um dos pastores atuais trabalhando para ajudar os pobres da igreja!].
Para Paulo, a expressão “viver do evangelho” significava “viver segundo os princípios da fé, do amor e da graça” (1 Coríntios 9:14). Conquanto verificasse ter “direito” a alguma ajuda, ele concluía que a “liberdade” de pregar o seu evangelho era mais importante, a fim de cumprir a sua vocação de Deus (1 Coríntios 9:15; 11:7-13; 12:13,14; 1 Tessalonicenses 2:5-6). Enquanto trabalhava como artesão de tendas, Paulo aceitou uma certa ajuda, porém se gloriava de que o seu pagamento ou salário era o fato de poder pregar livremente, sem se tornar um fardo para os outros (1 Coríntios 9:16-19).
Ponto # 19 – O dízimo não se tornou uma leia na igreja, até o Ano 777 d.C.
O falso ensino é que a igreja histórica sempre ensinou o dízimo.
Até mesmo em Atos 21:20-26, algumas décadas após o Calvário, os primeiros cristãos judeus em Jerusalém continuavam seguindo fielmente a lei da Antiga Aliança e ainda adoravam e ajudavam a manter o templo judaico. Como eles eram judeus obedientes, a lógica nos força a concluir que eles continuavam a entregar os dízimos dos alimentos colhidos ao sistema do Templo.
Conquanto discordando dos seus próprios teólogos, muitos historiadores da igreja escrevem que o dízimo não se tornou uma doutrina aceita na igreja, durante mais de 700 anos após o Calvário. Os antigos pais da igreja, antes de 321 d.C. (quando Constantino tornou o Cristianismo uma religião legal) se opunham ao dízimo, considerando-o uma doutrina puramente judaica. Clemente de Roma (Ano 95), Justino Mártir (150), o Didaquê (150-200) e Tertuliano (150-220) se opunham ao dízimo. Até mesmo Cipriano (200-258) rejeitou a introdução do dízimo incluído na distribuição aos pobres.
De fato, os antigos líderes da igreja praticavam o ascetismo. Isso quer dizer que ser pobre era a melhor maneira de servir a Deus. Eles copiavam sua adoração conforme as sinagogas judaicas, as quais tinham rabinos que se auto-sustentavam, recusando-se a receber dinheiro para ensinar a Palavra de Deus (Ver Schaff – “History of Christian Church”, vol. 2, 63, 128, a98-200, 428-434).
Segundo os melhores historiadores e enciclopédias, 500 anos se passaram até que a igreja, no Concílio de 585, tentasse, sem sucesso algum, forçar os seus membros a dizimar. Mas não foi antes de 777 d.C. que o Imperador Carlos Magno permitiu legalmente que a igreja coletasse dízimos [É claro que a Igreja de Roma, a qual coroou Carlos Magno, foi quem ressuscitou o dízimo, por causa da sua desmedida ganância por riqueza material].
Conclusão
Na Palavra de Deus o vocábulo ”dízimo” não aparece sozinho. Ele é sempre “o dízimo do alimento”. O dízimo bíblico era muito estritamente definido e limitado pelo próprio Deus.
Os verdadeiros dízimos bíblicos sempre eram:
Por conseguinte:
Convido os líderes de igrejas para uma discussão aberta sobre este assunto. O estudo cuidadoso em oração da Palavra de Deus é essencial ao crescimento da igreja. Que Deus os abençoe neste estudo. (Eu os encorajo a copiar e distribuir este artigo)
Russel Kelly/Mary Schultze, agosto 2006.
russell-kelly@att.net
www.tithing-russkelly.com
Recebido do CPR, em 26/06/06.
Revisado pelo autor e os tradutores, em março 2007.
Nota: Este ensaio foi traduzido em Dinamarquês por Martin.
Em Espanhol por Haroldo.
Em Português por Mary Schultze.
Também em Polonês.